A prática de expulsão de cristãos tem sido frequente nas aldeias Hmong e famílias inteiras estão deslocadas, perdendo suas casas, contato com outros familiares e suas fontes de subsistência
Hoa* pertence à tribo Hmong e vive na parte noroeste do Vietnã (saiba mais sobre o cristianismo nesta tribo). Ela é mãe solteira de uma criança de três anos. Em agosto deste ano, ela aceitou Jesus como seu Senhor e Salvador quando um amigo do sul a visitou e compartilhou o evangelho com ela.
Após sua conversão, ela foi expulsa de sua aldeia. No entanto, sem meios de subsistência, pois não tem emprego nem sua terra e animais, agora ela enfrenta o fardo de como ela e a filha vão sobreviver.
Quando seus vizinhos souberam de sua conversão, eles a avisaram que sua vida estava em perigo. Alguns dias depois, ela foi ameaçada por vizinhos e líderes tribais. Deram duas opções a ela: Primeiro, continuaria morando na aldeia sem Jesus em sua vida e, segundo, ela seria expulsa da aldeia por não negar Jesus.
Ousada e corajosa, Hoa escolheu a segunda opção. “Seguirei meu Senhor que perdoou meus pecados. Aceitarei qualquer custo por causa da minha fé em Jesus.”
Ela então deixou a aldeia com sua filha. Em outra aldeia longe da sua, Hoa alugou um pequeno abrigo onde estão temporariamente hospedadas. Um parceiro local da Portas Abertas forneceu comida para Hoa e sua filha.
No entanto, sem meios de subsistência, pois não tem emprego nem terras, agora ela enfrenta o fardo de como elas vão sobreviver. Ela disse: “Não sei quanto ao amanhã, que problemas virão para mim, mas continuarei confiando no Senhor e orando para que Ele nos abra a porta e cuide de nós”.
Hoa também pede orações: “Por favor, não se esqueça de mim e de minha filha pequena em suas orações”.
Leis sobre liberdade religiosa tornam expulsões legais
A família de Xong Ba Thong tem 13 pessoas. Eles pertencem à etnia hmong e se tornaram cristãos em 2017 escutando programas de rádio cristãos. Eles viviam no Norte do Vietnã, mas em julho, Xong contou ao líder de sua igreja que foram expulsos do vilarejo por crer em Jesus.
A família congrega em uma das igrejas autorizadas pelo governo, a Evangelical Church of Vietnam, mas ainda assim não foi respeitada e perdeu direitos civis básicos, como o acesso a serviços públicos, e não pôde obter documentos de identidade, como a certidão de nascimento. Oficiais locais também confiscaram o arado da roça deles e cortaram a eletricidade, minando o sustento da família.
“Li as leis sobre liberdade de religião e disse às autoridades que tínhamos direito de seguir nossa fé, mas elas disseram que a lei não seria aplicada naquela região, que ninguém na comunidade era cristão, então não nos aceitariam e que nossa religião era um perigo para a unidade nacional”, contou Xong. Apesar da pressão do governo local para que renuncie a Jesus, a família permanece firme na caminhada com Cristo.
Perseguição no Vietnã
O Vietnã é o 19º país na Lista Mundial da Perseguição 2022, que elenca os 50 países onde é mais difícil ser cristão. Um dos grandes desafios é que mesmo com a aprovação do governo, a perseguição às igrejas continua. Autoridades fazem vistorias nas casas de cristãos e os convocam a se apresentar nos quartéis do governo, mantendo vigilância constante sobre eles.
Em 2018, o país adotou um novo Código de Leis sobre Crenças e Religião rígido e que não é aplicado igualmente em todas as partes do país. O governo suspeita dos nativos das etnias hmong e montagard que se convertem ao cristianismo, pois alegam que eles trazem o Ocidente para o Vietnã e causam problemas.
As autoridades disseram que amenizarão o código de 2018, mas líderes das igrejas no Vietnã temem que os projetos de lei façam o contrário, aumentando o controle do Estado sobre a igreja. Os projetos recentes falam, inclusive, sobre encontros online das igrejas e pretendem punir quem desrespeitar as regras com multas de até 2 mil dólares.
Você pode ajudar
Diferente de Xong, muitos cristãos não conhecem seus direitos de liberdade religiosa. Ao conhecer e participar deste projeto, você apoia o treinamento de cristãos no Sul da Ásia, para que consigam se defender de prisões e acusações injustas, além de prover suas necessidades básicas.
*Nome alterado por motivos de segurança