A jovem Mahi foi pressionada por sua aldeia: ‘Vamos trancar vocês e colocar fogo na casa’

Fonte: Portas Abertas

Apesar de Mahi (pseudônimo) crescer em circunstâncias humildes, ela descreve a vida em família durante a infância e juventude como feliz. Isso até o dia em que sua mãe ficou gravemente doente e nenhum médico pôde ajudá-la. Esperando a morte iminente, a mãe de Mahi foi hospitalizada, onde recebeu a visita de uma cristã, que contou sobre Jesus e orou por ela. Isso resultou na cura da mãe de Mahi e fez com que ela, Mahi e sua irmã se tornassem cristãs. 

Na aldeia, as três mulheres eram as únicas com a nova fé, por isso foram recebidas com ridicularização e ódio pelos vizinhos. O pai de Mahi também foi contra a mudança, o que aumentou os conflitos na família. A situação piorou quando ele passou a ficar bêbado regularmente. O assédio que a mãe de Mahi recebia do marido era tanto que a saúde dela piorou, fazendo com que cerca de um ano depois ela falecesse. 

“Quando minha mãe morreu, senti como se tivessem tirado tudo de mim”, disse Mahi. Além disso, ela e a irmã passaram a enfrentar todo o peso do ódio do pai, que as proibiu de frequentar a igreja. Quanto mais ele mergulhava no alcoolismo, mais negligenciava as filhas, que muitas vezes não tinham o que comer. A irmã de Mahi se mudou para uma casa patrocinada pelo governo para estudar e não estava mais em casa regularmente.  

Mahi ficava sozinha com o pai a maior parte do tempo. Embora a tratasse mal, tê-lo ali representava alguma proteção contra a hostilidade dos vizinhos. Quando o pai dela morreu por falência de órgãos induzida pelo álcool, seis meses após a morte da mãe, Mahi ficou completamente indefesa. 

“Deixe Jesus ou sua aldeia”  


Os jovens da aldeia esperavam Mahi ir para a igreja para tentar assediá-la sexualmente 

“Enquanto fui buscar água, os vizinhos jogaram fora meus utensílios. Eles zombavam de mim por ter me tornado uma menina de Jesus”, conta. Além disso, os jovens da aldeia a esperavam ir à igreja para tentar assediá-la sexualmente. Também foi estabelecida a regra de que qualquer um que ajudasse Mahi ou falasse com ela seria excluído da comunidade. Mahi vivia em um ambiente de isolamento e hostilidade até que, em uma noite de janeiro de 2022, a situação se agravou. 

“O pastor e cerca de dez cristãos vieram à minha casa para orarmos”, explica Mahi. Então os vizinhos espalharam um boato na aldeia de que hindus seriam convertidos à força na reunião. “Eles cercaram minha casa e disseram: ‘Vamos trancar vocês e colocar fogo na casa’.” Os cristãos conseguiram escapar e caminharam por nove quilômetros até a delegacia, onde queriam denunciar o caso. Porém foram informados de que o policial não estava lá e que deveriam voltar na manhã seguinte. 

No dia seguinte, o conselho da aldeia convocou uma reunião com representantes de aldeias vizinhas. Juntos, julgaram Mahi e disseram: “Ou você deixa Jesus ou sai desta aldeia”, relata ela, que se agarrou a Jesus e deixou sua aldeia apenas com o que podia carregar.  

Agora, a cristã mora em uma acomodação alugada por parceiros locais da Portas Abertas. A igreja se tornou sua família. Ao ouvir que muitos irmãos e irmãs no Brasil vão orar por ela durante o Shockwave, ela disse: “Quando meus pais morreram, perdi tudo. Mas por meio de Cristo tenho uma grande família. Estou muito feliz com isso”. O desejo dela é que outros ao seu redor também conheçam Jesus: “Assim como Jesus me salvou, quero alcançar outros jovens para Jesus. Quero empenhar a minha vida nisso”.  

Você sabia? 


As punições para os que não são hindus vão de isolamento social a crimes de honra 

Cristãos indianos, como Mahi, muitas vezes são punidos e boicotados pela comunidade, não tendo acesso ao abastecimento de água, de quem comprar comida ou ajuda na colheita. Um dos motivos é que a Constituição indiana estipula que as aldeias e distritos sejam autogovernados e que conselhos locais, chamados de “Gram Panchayats”, sejam eleitos para isso. Eles são responsáveis pela prestação de serviços e financiamento, podendo privar cristãos de receber seus direitos, como na distribuição de ajuda emergencial durante a pandemia.  

Existem também os tradicionais “Khap Panchayats”, reuniões de membros de uma casta ou clã que podem abranger várias aldeias. No Norte da Índia, eles têm grande influência na sociedade e monitoram o comportamento dos membros de acordo com as castas e a religião. As punições para os que não são hindus vão de isolamento social a crimes de honra.