Parceira local da Portas Abertas conta que há corpos espalhados pelas ruas todos os dias

Fonte: Portas Abertas

O estado montanhoso no Nordeste da Índia, Manipur, está tomado por um ciclo de disputa violenta entre as comunidades meitei e kuki há mais de três meses. Ver trocas de tiros e abusos sexuais se tornou a realidade diária na região.  

 Ao menos 125 pessoas foram mortas, 4.500 edifícios e casa foram destruídos, 400 igrejas, tanto em território meitei quanto kuki, foram arruinadas. Além disso, mais de sete mil pessoas estão abrigadas em acampamentos para refugiados e 50 mil se tornaram deslocadas internas.  

 Corpos espalhados nas ruas 

 “Muitas cenas terríveis foram vistas pelos moradores de Manipur – corpos ficam espalhados pelas ruas, mulheres fogem em busca de locais seguros para evitar abusos e há trocas de tiros em plena luz do dia”, afirma uma parceira local da Portas Abertas, Priya Sharma. 

Desde que o vídeo mostrando duas cristãs que foram despidas e violentadas sexualmente foi divulgado, a pressão sobre os governantes aumentou. Protestos em massa tomaram o país e várias comunidades e organizações cristãs se uniram em mobilização para cessar a violência e restaurar a paz em Manipur.  

 Apesar disso, cristãos locais afirmaram que números casos de violência sexual e assassinato de mulheres aconteceram nos últimos dias e que o vídeo é uma pequena amostra do que está acontecendo.    

 Treinamento de extremistas  

 Recentemente, as Forças Armadas do estado de Assam, vizinho de Manipur, também denunciaram um grupo extremista hindu por fazer um treinamento de armas durante sete dias. 

O grupo Bajrang Dal organizou um acampamento para treinar aproximadamente 400 jovens com idades entre 18 e 30 anos para usarem armas, aprenderem artes marciais e habilidades de sobrevivência para lutar em Manipur.  

 “É tão triste ver tamanho tumulto ao invés de esforços para promover a paz e oferecer alívio às vítimas. O aumento de ataques religios e os dados coletados nas igrejas em 2022 pelo governo mostram um futuro ameaçador para os cristãos, especialmente por causa das leis anticonversão”, afirma Priya. 

Violência disseminada 

Outros grupos étnicos que solicitam o registro oficial como tribos ao governo há décadas também estão se levantando em outros estados. Em Tripura, membros do partido nacionalista hindu BJP exigiram que os membros da comunidade étnica que se tornaram cristãos sejam excluídos da tribo.  

“Parece não haver conversas que promovam a paz. Apenas a intervenção da Suprema Corte, com a oportunidade de as vítimas contarem a verdade e serem ouvidas, gerou um pouco de alívio e esperança de que a justiça se cumprirá”, conclui nossa parceira. 

“Manipur cheira a sangue” (conteúdo sensível: violência extrema)

Uma cristã da tribo Naga, Lucy Marem, foi assassinada em meados de julho na Índia. Ela tinha 57 anos e foi atingida por um tiro disparado por extremistas hindu do grupo Arambai Tenggol no distrito de Imphal, Leste de Manipur. O vídeo do assassinato brutal foi gravado e recentemente começou a circular nas redes sociais.  

O que aconteceu com Lucy se tornou rotina por causa do conflito entre as comunidades indígenas Kuki e Meitei. Muitos extremistas hindus usam os vídeos para assustar e ameaçar os moradores de Manipur. Por isso, o autor e jornalista cristão Babu Verghese afirmou recentemente “Manipur cheira a sangue”.  

Assassinato de inocentes 

 Lucy tinha uma doença mental. A família percebeu que ela tinha desaparecido de casa e, pouco depois, encontrou o corpo dela na rua, quase irreconhecível. Eles só sabiam que era Lucy por causa do vídeo que mostra a cristã sendo baleada na cabeça múltiplas vezes.  

“O assassinato brutal da cristã Naga mostra a barbaridade e sangue-frio dos extremistas Meitei. É inimaginável pensar em quantas vidas inocentes foram ceifadas e quanto sangue foi derramado. Muitos vídeos que mostram a violência extrema estão vindo à tona agora. É terrível ver tanta ferocidade contra os cristãos. Nossos corações clamam a Deus junto às vítimas e suas famílias”, diz nossa parceira local, Priya Sharma.  

 “Deus nos protegerá” 

Outro fator que alimentou o conflito foi um funeral em massa que a comunidade Kuki-Zo organizou no dia 3 de agosto. A cerimônia era uma forma de se despedir das vítimas assassinadas pela violência. Mas, o governo pediu que o funeral fosse adiado e a maioria dos líderes indígenas obedeceram.  

Conforme esperado, houve novos ataques das forças armadas Meitei para impedir o funeral. “A onda de violência em Manipur está atingindo outros estados no Norte da Índia. Uma série de movimentos anticristãos foram organizados nessa região na semana passada, o que mostra como a situação hostil de Manipur está se expandindo”, afirma a parceira Anjali Lhing (pseudônimo). 

“Estamos com medo e inseguros quanto ao que os próximos meses reservam para os cristãos. Tememos que haja mais brigas, ataques, violência e assassinatos no futuro próximo. Simultaneamente, a comunidade cristã local está certa de quando erguermos nossas vozes, como igreja global, Deus responderá e nos protegerá”.  

Socorra cristãos atacados na Índia 

Ataques como os que os cristãos enfrentam em Manipur tiram alimentos, acesso a água e outros itens básicos de sobrevivência desses cristãos. A Portas Abertas está em campanha por eles e você pode ajudar. Acesse o link e saiba como