Entenda como o Afeganistão saiu do topo para o 9º lugar da classificação e como está o país hoje
Fonte: Portas Abertas
A tomada de Cabul, capital do Afeganistão, pelo Talibã, em agosto de 2021, foi amplamente divulgada ao redor mundo, afinal o país voltava ao domínio do Talibã. A situação levou muitos afegãos a fugirem, principalmente pelo medo das restrições que o novo governo aplicaria. Se a população em geral reagiu dessa forma, imagina como ficaram as coisas para os cristãos, que já não tinham nenhuma liberdade para praticar a fé.
Durante muitos anos, o Afeganistão se manteve no 2º lugar da Lista Mundial da Perseguição (LMP), já que os cristãos enfrentavam perseguição extrema em todas as esferas da vida, além da violência. Porém, com a conquista do Talibã, o risco de serem descobertos aumentou ainda mais, já que o grupo controla cada aspecto da vida. Isso levou o Afeganistão ao primeiro lugar na LMP 2022, tirando a Coreia do Norte, que ocupou o topo da lista de 2002 a 2021.
Porém como muitos cristãos fugiram do país para salvar suas vidas e outros estão completamente escondidos para não serem descobertos, o número de cristãos mortos no Afeganistão diminuiu. Consequentemente, o nível de violência aos cristãos dimuiu de 15 para 4,6 pontos, o que foi uma mudança considerável e colocou o país em 9º lugar.
Falta segurança no país
No entanto, a questão da segurança no Afeganistão não melhorou. Cada ataque com mísseis a países vizinhos quebra a promessa do Talibã no acordo de retirada de 2020, declarando que nenhum ataque terrorista a partir do território afegão seria realizado a outros países. Esses ataques não apenas acrescentam preocupações de segurança aos cansados vizinhos do Afeganistão, mas também são uma prova vergonhosa de que o Talibã não tem a situação da segurança sob controle.
Em 30 de setembro de 2022, uma explosão poderosa destruiu um centro de tutoria em Cabul, onde moças estavam se preparando para fazer o vestibular. No total, 53 pessoas morreram, entre elas 46 mulheres e meninas. Quando mulheres se manifestaram em várias cidades contra a falta de segurança, forças de segurança do Talibã responderam com pouca tolerância, usando ameaças, insultos e força bruta para dispersar as manifestantes.
Piora na economia e sociedade
Além disso, a situação econômica e social está se deteriorando no país. Isso adiciona um impulso para a emigração. Dezenas de milhares de pessoas, principalmente jovens rapazes, deixam o Afeganistão a fim de procurar trabalho no Paquistão, Irã, Turquia e outros países. De acordo com estimativas da ONU do começo de 2022, 22,8 milhões de pessoas no Afeganistão (55% da população) precisam de ajuda humanitária imediata, além dos 5,7 milhões de deslocados afegãos em cinco países vizinhos.
Mais de 50% da população tem menos de 20 anos e o alto crescimento da população (combinado com o retorno dos refugiados e trabalhadores migrantes) apenas piora o problema. Desemprego, pobreza e taxas de inflação permanecem muito altas. Por conta da falta de perspectivas futuras, muitos jovens se envolvem com tráfico de drogas e se unem a grupos militantes. Os cristãos também são afetados por esses desafios.
O Talibã também não parece estar focado em melhorar a vida do povo, afinal, seu maior interesse é implementar sua visão de uma verdadeira sociedade islâmica. Eles estão fazendo progresso com sua política religiosa, limitando a visibilidade de mulheres em público, aplicando códigos de roupas e cortes de cabelo e forçando líderes islâmicos locais a realizar listas de presença nas orações obrigatórias das mesquitas.