Desde a tomada dos militares em fevereiro, os ataques a igrejas aumentaram e perseguição religiosa tem crescido no país

Uma igreja no estado de Chin Ocidental, em Mianmar, foi atingida por disparos vindos da artilharia militar, na tentativa de conter a resistência no país. A igreja batista na cidade de Thantlang foi atingida em um ataque na noite de 14 de setembro. O prédio foi danificado, mas não houve vítimas. O ataque à igreja em Thantlang é o mais recente de uma série de ataques a igrejas pelo exército. 

O ataque parece ser uma retaliação por um ataque anterior a um posto militar por grupos de resistência locais nos quais 12 soldados foram mortos. A violência forçou mais de 1.800 pessoas a encontrar refúgio em aldeias vizinhas e do outro lado da fronteira com a Índia, de acordo com grupos de ajuda citados pelo portal de notícias da Ásia, UCANews

“Tatmadaw, o exército de Mianmar, está desestabilizando o país, atingindo pessoas e propriedades das igrejas cristãs, matando civis e queimando aldeias e casas. Estamos realmente perplexos”, disse um cristão da aldeia depois que o exército ocupou e destruiu a igreja que frequentava.  

Em junho, líderes da igreja no leste do estado de Karenni relataram ataques militares em pelo menos oito igrejas. A repressão que está acontecendo deixou as minorias religiosas étnicas em Chin e outros estados ainda mais vulneráveis. Em junho, a Portas Abertas e outras 25 organizações de liberdade religiosa publicaram uma declaração expressando preocupação com a opressão das minorias religiosas do país. 

Escalada do conflito 

Após um golpe militar em Mianmar, em 1 de fevereiro, o país entrou em crise. Enquanto cidadãos de todo o país iam às ruas para protestar, as forças de segurança responderam com violência. Até agora, pelo menos 1.105 pessoas foram mortas em áreas urbanas, mais de 6.500 presas e aproximadamente 176.000 pessoas foram deslocadas dentro do país. 

Em resposta à violência, vários grupos armados étnicos que lutaram pela independência durante décadas, uniram forças com grupos de resistência locais, o que levou a uma escalada do conflito. “O país está entrando em uma guerra que o levará à ruína. Os ataques às igrejas foram uma violação dos direitos humanos, bem como uma violação do direito humanitário internacional”, disse um comunicado do Instituto de Assuntos de Chin, com sede na Índia. 

A perseguição a cristãos em Mianmar

O nacionalismo religioso é forte em Mianmar e impulsiona grande parte da perseguição aos cristãos. Há uma ênfase crescente no budismo, com exclusão de todas as outras religiões. 

Os convertidos à fé cristã muitas vezes enfrentam perseguição da família e comunidade por abandonar ou “trair” o sistema de crença em que cresceram. Comunidades que pretendem permanecer apenas budistas tornam a vida das famílias cristãs impossível por não permitirem que usem recursos da comunidade, como água. 

Igrejas bem estabelecidas foram atacadas e, em alguns casos, monges budistas invadiram complexos de igrejas e construíram santuários budistas em seu interior. Grupos de igrejas não tradicionais também experimentam oposição, especialmente aqueles localizados em áreas rurais e/ou que são conhecidos por atividades evangelísticas. O governo tenta agir contra os monges budistas extremistas, mas envia sinais confusos, pois ficou claro que os monges extremistas contam com o apoio do exército. 

O Mianmar subiu uma posição na Lista Mundial da Perseguição 2021 em relação a 2020, e está em 18º lugar na Lista, refletindo a severa perseguição em curso que muitos cristãos enfrentam. Os cristãos ex-budistas continuam encontrando uma tremenda hostilidade da família e da comunidade local, enquanto os cristãos históricos continuam presos nas lutas que assolam os estados de Kachin, Shan e Karen, todos com uma população cristã significativa, bem como o estado predominantemente cristão de Chin. 

A Portas Abertas tem apoiado os cristãos no país através de projetos e igrejas locais. Para saber mais e como colaborar com estes projetos, aesse o link da campanha Geração de Renda para Cristãos em Países Budistas na Ásia.

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