Desde 1965, a Portas Abertas trabalha para o fortalecimento dos seguidores de Jesus sob o regime comunista chinês
Fonte: portasabertas
Nos últimos dias, a perseguição aos cristãos na China ganhou destaque especial em diversos jornais brasileiros. Porém, a hostilidade aos seguidores de Jesus no país comunista é antiga e há anos preocupa a igreja de Jesus ao redor do mundo.
Já na dinastia Ming, entre 1368 e 1644, os cristãos foram banidos do país. Mas a perseguição atual começou em 1949, quando a República Popular da China foi criada. Todas as religiões que exigiriam a lealdade dos chineses em detrimento do Estado foram violentamente combatidas. Forçando, assim, a fuga de missionários cristãos estrangeiros no país.
Apesar da Revolução Cultural que ocorreu entre 1966 e 1976 ter transformado toda a sociedade chinesa nos padrões desejados pelos comunistas, a igreja de Jesus sobreviveu de maneira clandestina. Havia, sim, uma igreja permitida pelo Estado chinês, mas essa deveria excluir qualquer ensinamento bíblico que fosse contra os ideais do Partido Vermelho, jurar lealdade aos governantes, ter uma bandeira da China em exposição e cantar o hino nacional em cada encontro.
Qual é o número de cristãos na China?
Hoje, acredita-se que existam 97,2 milhões de cristãos na China, que enfrentam a hostilidade vindas de oficiais do governo, partidos políticos e líderes religiosos não cristãos. A opressão comunista e pós-comunista é um instrumento para que o governo mantenha o poder e a harmonia na sociedade. O atual presidente Xi Jinping tem se mantido no poder por meio de um forte combate a qualquer ideia que possa ameaçar a autoridade máxima dele. Nesse cenário, os cristãos convertidos e de minorias religiosas, como os muçulmanos de Xinjiang, também são alvos de ações mais diretas.
Hoje, acredita-se que existam 97,2 milhões de cristãos na China, que enfrentam a hostilidade vindas de oficiais do governo, partidos políticos e líderes religiosos não cristãos. A opressão comunista e pós-comunista é um instrumento para que o governo mantenha o poder e a harmonia na sociedade. O atual presidente Xi Jinping tem se mantido no poder por meio de um forte combate a qualquer ideia que possa ameaçar a autoridade máxima dele. Nesse cenário, os cristãos convertidos e de minorias religiosas, como os muçulmanos de Xinjiang, também são alvos de ações mais diretas.
Há 15 anos, a Portas Abertas publicava um posicionamento sobre a China. O documento reconhecia que o país aparentava estar mais acessível ao cristianismo, já que tinha aberto as portas para fazer negócios com países ocidentais. “A igreja cristã na China pode não ter tantos mártires como a Colômbia, enfrentar tantas restrições quanto as irmãs na Arábia Saudita, ou lutar com tantas multidões extremistas como os irmãos na Indonésia, mas os milhões de cristãos na China permanecem como a maior comunidade perseguida hoje”, dizia a carta.
Como é a perseguição aos cristãos chineses?
As ações contra os cristãos chineses podem variar de acordo com a região onde eles vivem e atuam. Alguns líderes são presos e condenados quando descobertos, como foi o caso do pastor Wang Yi no início de 2020. Na região centro-leste do território, em 2019, as autoridades removeram cruzes, fecharam escolas pertencentes à igreja e exigiram que os cristãos de uma cidade se registrassem.
Segundo a pesquisa feita pela Portas Abertas entre 1 de novembro de 2018 e 31 de outubro de 2019 que gerou a Lista Mundial da Perseguição 2020, 1.051 cristãos foram atacados na China. O número de presos chegou a 1.147. Já a quantidade de igrejas atacadas foi alta e colocou o país em 23º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2020, que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo.
Qual é o trabalho feito para o fortalecimento dos cristãos chineses?
Desde 1965, a Portas Abertas atua para o fortalecimento dos cristãos chineses. Mais tarde, 30 mil Novos Testamentos foram entregues, mas não foram suficientes para as necessidades dos cristãos no território. A missão passou a ser entregar um milhão de Bíblias. Este foi o projeto Pérola em 1981, definido pela revista americana Time como “a maior operação de sua categoria na história da China”.
“Tenho certeza que não tinham ideia do pedido de um milhão que faziam. Eu também não tinha ideia de quanto era um milhão de Bíblias, senão teria dito não. Felizmente, nós fizemos a entrega em obediência à vontade de Deus”, concluiu o Irmão André, fundador da organização internacional sobre a ação. Assista o vídeo e veja os detalhes da ação.
Hoje, além de fornecer literatura bíblica, a Portas Abertas trabalha no fortalecimento da liderança cristã e treinamento bíblico. Os jovens das igrejas domésticas também podem participar de acampamentos. “Amamos a Jesus, mas também amamos nosso país e respeitamos a lei. O governo sabe que a comunidade nos respeita muito, que ouve a nós ao invés do governo. Alguns anos atrás, começamos com alguns cristãos e agora somos milhares. Os governantes estão realmente preocupados”, explicou o pastor Timothy* à Portas Abertas.
Qual é a religião dos chineses?
Apesar do Estado comunista não querer que a população tenha uma religião, o confucionismo foi reconhecido como uma crença nacional e tem 40% da população como adepta. A religião tradicional chinesa abrange a mitologia nacional e prevê o culto a diversas divindades que podem ser fruto da natureza, guardiões de clãs, heróis nacionais e espíritos de ancestrais. Na realidade, a crença tradicional é um sincretismo religioso que abrange elementos da fé budista, confucionista e de superstições populares.
O budismo tibetano e o islamismo também alcançaram muitos chineses, e são malvistos pelo governo chinês, por isso, em províncias ao noroeste, como Xinjiang, as restrições são mais severas. Na região considerada mais volátil do país vivem 10 milhões de uigures muçulmanos. Eles são considerados vulneráveis e propensos ao extremismo e separatismo, por isso, a China está gastando bilhões para assegurar que esse povo não seja impedido do desenvolvimento econômico regional.
Uma maneira encontrada de enfraquecer a ideologia islâmica foi a criação de centenas de centros de reeducação. Lá, os detidos são obrigados a falar chinês, cantar hinos patrióticos e assistir às aulas diárias de propaganda para “limpar as mentes uigures”. Além de literatura cristã, os alunos precisam deixar de lado elementos da cultura religiosa como barba e roupas islâmicas. Alguns cristãos ex-muçulmanos já passaram pelos campos de reeducação e a Portas Abertas esteve ao lado das famílias para encorajá-las naquele momento repleto de incertezas.
A organização mantém projetos que tem mantido a Igreja Perseguida e apoiado aos cristãos perseguidos em suas necessidades, aonde eles estão. Não apenas na China ou na Ásia, mas nos mais de 70 países em que atua, levando consolo e dignidade para os mais de 260 milhões de cristãos perseguidos no mundo. Saiba mais sobre os projetos da Portas Abertas nesses países.
*Nome alterado por segurança.
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