Mesmo em meio à guerra, sírios acreditam em dias de paz e igrejas cristãs apoiam essas iniciativas

As últimas notícias que recebemos da Síria não são nada animadoras. Em 15 de março deste ano, a guerra civil que assola o país completou 7 anos. Desde janeiro, as ofensivas contra Afrin – cidade próxima a Aleppo – já destruíram e expulsaram quase toda a população da cidade, desde janeiro.

Cerca de metade da população síria teve de deixar suas casas, cidade ou aldeias por causa da guerra. O cenário piorou quando em 2014, o Estado Islâmico (EI) invadiu as principais cidades sírias e instaurou ali seu califado. Isso formou cerca de 5 milhões de refugiados e 6 milhões de pessoas internamente deslocadas. Em sua maioria, cristãos.

A partir de novembro do ano passado, o EI foi expulso de seu último reduto sírio e muitos acreditaram em um cessar fogo também da guerra que já durava quase sete anos. O retorno de sírios ao seu país, cidades e comunidades, encheu de esperança o coração de muitos cristãos que também confiaram e retornaram aos seus lares.

Muitos cristãos que haviam fugido da cidade de Homs, terceira maior da Síria, seis anos atrás estão, aos poucos, voltando para reconstruir suas casas e suas vidas. Homs foi uma das cidades mais atacadas e destruídas tanto pela guerra civil, como pela invasão do EI.

Uma de suas moradoras, Maha, diz que está muito feliz de estar de volta. Com seu marido e irmã, ela recentemente voltou a morar no seu antigo apartamento.

Quando o governo retomou o controle da cidade a família de Maha foi uma das primeiras a retornar para ver o que havia restado. Setenta por cento de sua casa havia sido destruída, mas não estava tão ruim quanto outros prédios. Muito do dano foi causado pela explosão de um barril de gás perto de sua casa no começo da guerra civil, em 2011.

Muitos ficaram, enfrentaram as consequências da guerra e do cerco nas principais cidades. Já no final da invasão do Estado Islâmico, muitas famílias não recebiam mais ajuda humanitária de organizações que atuavam no país.

Uma dessas organizações, a Portas Abertas, não apenas manteve sua ajuda com alimentos, apoio social e financeiro, como também apoiou igrejas que lançaram um projeto para atender às comunidades atingidas pela guerra. Esses projetos fizeram com que as igrejas cristãs fossem reconhecidas como “Centros de Esperança” por sua comunidade.

“Um Centro de Esperança é um lugar onde a igreja local pode construir, manter e fortalecer as relações com a comunidade, a fim de construir e apoiar uma vida saudável e sustentável”, cita Roger, um dos coordenadores desse projeto na Síria. Com esses tipos de igrejas, as organizações não-governamentais, como a Portas Abertas, trabalham mais de perto com a comunidade.

Roger explica como o trabalho acontece. “As igrejas que estão ativas possuem locais físicos, edifícios próprios ou alugados. Nesses locais as igrejas organizam todos os tipos de atividades que se concentram em uma vida melhor para os cristãos que ficaram durante esses sete anos de guerra, e também aos que voltaram do exílio”.

“Por exemplo, atividades cristãs, como treinamento de discipulado, distribuição de literatura cristã, grupos de estudos bíblicos ou reuniões de oração já aconteciam e eram atividades normais na igreja. Elas foram intensificadas e, a elas foram inseridas atividades visando a saúde emocional ou psicológica das pessoas, aconselhamento, treinamento de habilidades para a vida, treinamento em conscientização sobre trauma e também teatro. O projeto também contempla atividades como distribuição de alimentos e pacotes higiênicos, assistência médica, coordenação de reparos domésticos e investimento em projetos de microcrédito ”.

Por causa das atividades oferecidas, esses Centros de Esperança se encaixam na estratégia de uma campanha maior lançada pela Portas Abertas, a “Esperança para o Oriente Médio”. Esta campanha se concentra no direito à igualdade de cidadania, condições dignas de vida e o papel dos cristãos na reconstrução da sociedade.

Os centros já foram abertos em várias cidades sírias e, segundo o coordenador, a meta é que 20 locais assim sejam abertos a cada ano em toda Síria. “No início de 2018, tínhamos duas igrejas que já trabalhávamos de perto, uma das igrejas protestantes em Damasco sob a responsabilidade do pastor Edward e sua equipe e da Igreja Ortodoxa Grega em Homs com o irmão Athanasios. Durante 2018, planejamos implementar em cada trimestre cinco novas parcerias com igrejas que estão ativas de maneira semelhante. Durante este ano, pretendemos ter mais 20 parcerias, em 2019 e 2020 também.”

Apesar da guerra civil parecer não ter fim, a população cristã ainda vê esperança em reconstruir suas vidas em seu país. A Portas Abertas mantém uma campanha em ajuda à Síria. Para saber mais, acesse: www.portasabertas.org.br/doe/campanhas/familias.

Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br

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