Entenda como a tomada de poder pelo Talibã no Afeganistão impacta grupos radicais asiáticos
Fonte: Portas Abertas
Há uma semana, a Portas Abertas mostrou como a ascensão ao poder do Talibã no Afeganistão pode afetar grupos extremistas islâmicos da África. Hoje, você entenderá o impacto que isso tem nos grupos asiáticos. Como no caso dos países africanos, a rápida tomada do Afeganistão se tornou uma enorme vitória da propaganda islâmica e forneceu a incontáveis grupos islâmicos radicais na Ásia e região um impulso moral muito necessário e uma nova confiança de que vencerão no final.
Exemplos disso podem ser vistos em Bangladesh, onde a mídia elogiou o ocorrido no Afeganistão. “Vá em frente Talibã, o mundo está esperando por você para liderá-lo no futuro!” e “Estou muito feliz em ver a vitória do islã antes da minha morte. Nunca fui tão feliz em toda a minha vida!”. Esses comentários retratam apenas duas das milhares de reações semelhantes, todas alegando que o islã venceu.
Enquanto os afegãos se preocupam com o governo do Talibã, cidadãos de outros países comemoram a tomada de poder
Mais exemplos podem ser facilmente encontrados no Sudeste Asiático, como é o caso da Indonésia. Apesar de o grupo extremista Jemaah Islamiyah não realizar ataques desde 2011, continua a prejudicar a população. Estima-se que 1.200 cidadãos indonésios viajaram para lutar no Iraque e na Síria desde 2014 e o Jemaah Islamiyah tinha 6.500 membros antes do Talibã assumir o controle de Cabul.
Qual o papel do Estado Islâmico?
Os ataques no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, em 26 de agosto, mostram que existe outro grupo jihadista realizando ataques: o Estado Islâmico (EI) ou, como é chamado na região, Estado Islâmico Khorasan (ISKP, da sigla em inglês). O grupo existe na região desde 2015 e está envolvido em alguns dos ataques mais violentos dos últimos anos, muitas vezes contra a minoria hazara. Acredita-se haver até 5.000 integrantes do EI na região da Ásia. Os ataques recentes, no entanto, mostram que eles são capazes de cometer hostilidades em grande escala.
Existem alguns cenários possíveis que podem se desenvolver nos próximos meses e anos em relação ao Estado Islâmico e todos trazem pouco conforto para os cristãos no Afeganistão e em toda a região. O Talibã não é uma organização uniforme, por isso é provável que membros descontentes e grupos que acham que seu domínio não é islâmico o suficiente se unam ao EI, fortalecendo assim a rede.
Na verdade, o grupo já atraiu vários ex-membros do Talibã. Essa é mais uma ameaça para o Sul da Ásia, já que “Khorasan” se refere a uma região histórica que se estende até o atual Afeganistão, Paquistão e Irã. Como o EI é organizado como uma espécie de sistema de franquia, é possível que se ramifique para o Sudeste Asiático.